quinta-feira, 30 de junho de 2011

Noite fatídica

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Pensas que é demais
Não é...
Pensas então de mais
Porquê ...
Se nada que fazes tem sentido algum
E aquilo que não fazes é o que desponta como o leme do navio ...

Pensas tão pouco, tão pequeno
Ilhada nesse cárcere, provando do próprio veneno
Com rimas tardias, vida envelhecida
Com miras vazias, melodia empobrecida.

Pensas que és ... sem ser
Nada pensas e então ... o amanhecer
Pensar, não pensar ... que diferença agora faz
Se o passado não se reescreve, lágrimas não adiantam mais

Pobre menina, tão tola, tão má
O que escreve, ninguém lê
O que chora, ninguém repara
O que vomita, ninguém limpa.

Pensou, falou, agiu, se arrependeu
De repente o mundo muda num segundo
De repente um segundo é tudo no seu pseudo-mundo
de flores a desabrochar.

O vento próximo
O olhar vazio
A incerteza do próximo passo
O fantasma que zomba ao seu ouvido.

Folhas sempre caem
Céu e inferno são aqui
Saboreias teu presente estático
que eu caminho para o meu futuro elevado.

Pensou, agiu, falou e foi chorar
Preferia não ter pensado,
Mas não se arrepende por ter falado
E quanto às lágrimas ... isso é caso encerrado.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Deixa pra depois ...

sexta-feira, 3 de junho de 2011

          A menina caminha sozinha na praia. Na sua cidade não há praias, mas ela caminha descalça, como se estivesse andando na areia. Em suas mãos um livro de Vinicius de Moraes com todos os seus sonetos perturbadores. ¨Te peço perdão por te amar de repente, embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos ... Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces ... Amo-te tanto amor não cante, humano coração com mais verdade ... E assim quando mais tarde me procure, quem sabe a morte, angústia de quem vive, quem sabe a solidão fim de quem ama, eu possa me dizer do amor que tive ...¨ A menina caminha apenas, tentando fugir das palavras do poeta e se entregando a cada passo, a verdade de suas emoções.

Ela caminha sozinha porque não há ninguém ao seu lado. Parece óbvio eu sei, mas não o é.A menina caminha sozinha, andando na praia que não existe, intentando ler o poeta que já morreu porque aquele que ainda vive, longe está – mas não tão longe ao ponto de não se fazer notar.

Ela ainda o espera calada, revivendo momentos bobos, sonhando com coisas impossíveis. Pensa no primeiro e no ultimo beijo. Na hora da conquista e da despedida. Um ser, dois seres, quantos existem enfim? Ela observa seus traços formados nas nuvens e se perde exalando o perfume que também já se dissipou.

Sextas feiras luminosas, lençol pequeno pros dois, desenho animado e banana frita, tudo ficou para depois.

Depois que o mundo acabar e o sonho morrer
Depois que o tempo calar e o vento levar a areia que nem existe, embora.
Depois que a juventude passar, que a certeza surgir.
Depois que o medo ferir e a tristeza cicatrizar.
                                                                        
Caminhar sozinha pode ser difícil, mas reconhecer-se só é uma questão de ponto de vista. Ela está só porque de fato está, ou por que ao seu lado falta o único que a faz sentir acompanhada?

Qual o conceito de solidão ? E o de amor ? E o de adeus ?
Porque o poeta zomba com canções intensas de sentimento e saudade?

São tantas perguntas, fim de noite ainda dói. É tão honesto viver essa dor, mas ser canalha as vezes inibe o horror. Impaciente ela resolve atirar os sonetos ao mar e se joga também intentando afogar literalmente tudo aquilo que teima em rastejar em seu peito.
Ela sabe que não precisa sofrer, porque na verdade tudo passa. Passará. Mas porque a teoria não funciona agora, porque as estrelas estão tão perto ? Ela lembra de novo, de estar perto do céu, em seu colo abraçada, em seu peito repousando, e chora. Os deuses lhe acolhem, O mar lhe envolve e limpa de sua alma as dores desnecessárias. Tão pequena, cabisbaixa ela respira calmamente e como quem entende o sinal do Universo, resolve deixar para Depois.

Dormir abraçado, salada de fruta, reconciliar-se de madrugada.
Boné dentro de casa, cheiro de sabonete e quarto bagunçado.
Tudo ficou pra depois.

Depois que a saudade passar e a ultima lágrima cair 
Depois que o belo desmoronar e a ficha cair
Depois que o amor determinar e a paixão diluir
Depois que a solidão silenciar e o próprio silêncio calar
essa dor que  insiste em habitar o seu peito vazio ...

¨A flor do dia morreu, o príncipe encantado sumiu, mas suas blusas ainda me aquecem nas invernosas noites insones¨. 

Nina <3
 
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