sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
Dias que se vão ... palavras que se perdem... vidas vazias, perdidas ... recriando estupidez e multiplicando o ego. O mundo experimenta o caos e procura a todo instante lustrar sua aparência para ocultar a desordem que é o seu eu.
Como aceitar que tantas crianças são mortas todos os dias por puro despreparo dos pais e da sociedade? Como educar filhos em uma sociedade tão ignorante, que acredita que a escola sozinha é capaz de cuidar, educar, amar e dar exemplo. Tudo isso por que os pais não tem tempo … tempo!
Como ignorar tanto sofrimento, fechar os olhos e simplesmente sonhar? 
O meu sonho é um dia abrir a porta de casa e olhar para um céu muito azul – e esquecer essas fumaças de queimada, crime cruel à nossa Amazônia. O meu sonho é sair de casa e saber que deixarei meus filhos na escola e que eles aprenderão músicas de criança e não desconfiarão sequer da existência da maldade.
 O meu sonho é regredir, regredir de tal forma que não precise mais de tanta tecnologia.
Lembras ainda do gostinho da água de pote, de passar horas tentando conectar a sintonia no rádio, de usar ainda o coador de café? E de passar a tarde na rua, riscando com giz o campo de cada um? Queimada, pelada, amarelinha … vida distante.
Alguém precisa lembrar o caminho de volta pra casa. Ninguém guardou um mapa? Ninguém sente falta de viver?
Eu quero cantar a vida, escondida em sua essência. Cantar o lado bom dos homens ( ele existe, acreditem ). Quero chorar de alegria, saciar minha sede de poesia. Mas como? Como navegar por mares tão serenos sendo eu filha da modernidade?
              Procuro a arte, me habito nela. Só carrego comigo os meus poetas, os meus pintores, as minhas mãos e o meu olhar – e vivo assim, na linha tênue do viver, marchando na crua realidade e não me deixando desfalecer diante do fim.

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