Hoje eu queria sair por aí e rasgar minhas mágoas, assim como rasgo agora essas páginas de mentira.
Queria fazer as malas e ir para um lugar onde ninguém mais pudesse me encontrar.
Queria estar a sós com minhas ilusões, meus pseudos conceitos, minhas fracassadas respostas.
Hoje eu queria me abandonar num canto qualquer e seguir, só carne, vagando mundo a fora.
Queria anular os pensamentos, esmagar os sentimentos e me perder de vista num espaço só meu e de mais ninguém.
Hoje eu queria que voltasse a ser ontem e sorrindo cantar as músicas que eu nunca aprendi.
Hoje eu queria que o ontem nunca tivesse nascido e que eu não estivesse agora a me torturar pelos atos que nunca teriam como dar certo.
Queria gostar de me olhar no espelho, gostar de me ver por inteira, não chorar, não sofrer, não amar.
Hoje eu queria me arrepender, maldizer, mal amar. Queria tomar aquelas doses de racionalidade, me permitir estar no cronos da minha idade, ser a mulher que todos esperam que eu seja.
Hoje eu queria tanto e ao mesmo tempo nada. Eu só queria o silêncio das horas doces, a poesia que nunca mais sairá de ti. Eu queria o samba, o verso, a prosa. Eu queria o esquecimento, o tédio, a droga ( que não é o ópio, e sim a essência).
Hoje eu já cansei de querer, me puni por não chorar, me felicitei por não prejudicar, mas morri um pouco por fingir não me importar.
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